Às vezes tenho um forte impulso de, simplesmente, me recolher à minha insignificância.
Afinal, o que significa lançar uma nova música diante de um mundo fustigado por uma pandemia que não se sabe quando terá fim? Ou ainda, diante de outras ações viróticas – vindas mais diretamente de pessoas que parecem ignorar solenemente as lições trazidas no rastro do Covid-19?
A floresta amazônica, pra destacar um exemplo gritante, continua em ritmo de desmatamento acelerado, numa clara ameaça não apenas aos que vivem no seu habitat, mas à saúde e à vida de todo o planeta. Divisões políticas fragilizam o que deveria ocupar o primeiro lugar na pauta dos governantes e das nações: cuidar das pessoas, preservar a vida em todos os aspectos, salvar vidas.
Nesse cenário desolador, onde está o bom senso que, mais do que nunca, recomendaria unir inteligências e esforços em nome do bem-estar comum? Onde está mesmo algum vestígio de inteligência humana?
Lançar uma canção seria, então, jogar pedras numa cachoeira, querer se fazer ouvir em meio a sirenes ou soar onde a voz do coração parece não se propagar?
Ao mesmo tempo, cantar o amor e a esperança seria tão insignificante ou ingênuo assim? O que nos restaria não fossem esses sentimentos que dão sentido à nossa condição humana?
Não tenho todas as respostas, apenas novas canções.
Feitas com o sentimento de que possamos fortalecer ou restaurar a nossa ligação com a natureza e a espiritualidade, pra assim resgatar a nossa própria humanidade.
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