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Foto do escritorTiago Araripe

Subo nesse palco


Show Na Mala, Só a Viagem, Cineteatro São Luiz, Fortaleza, julho de 2018. (Foto: Guilherme Silva)


Entendo bem o significado da música Palco, de Gilberto Gil, quando diz: Subo nesse palco | minha alma cheira a talco | feito bumbum de bebê, de bebê. | Minha alma clara | só quem é clarividente pode ver, pode ver.

Creio ter sido esse o sentimento de energia e renovação que me preencheu ao subir, pela primeira vez, num palco. Aconteceu em 1971 ou 72, no Teatro do Parque, uma das maiores e mais tradicionais casas de espetáculos do Recife. Eu havia escrito 12 canções para a peça Armação, dirigida pelo maranhense Tácito Borralho, e, entre um esquete e outro, ali estava, guitarra em punho, sob os holofotes, vestido com o macacão branco que caracterizava todo o elenco.

Foi algo tão marcante que deu novo rumo à minha vida. Com os integrantes da banda que esteve comigo durante a execução ao vivo da trilha da peça, formamos depois o grupo Nuvem 33. E, no nosso primeiro concerto, não apenas resolvi não mais voltar à Faculdade de Arquitetura que cursava na Avenida Conde da Boa Vista. Decidi mudar de vez para São Paulo, pra “viver” de música.

Percebia que o palco exercia efeito transformador sobre minha personalidade de jovem tímido e ensimesmado. Ali, frente a frente com a plateia, eu me sentia em casa. A ponto de, como aconteceu nos shows seguintes no Recife e, depois, em São Paulo, surpreender as pessoas mais próximas. Para elas, eu me tornava irreconhecível naquelas ocasiões.

Lembro de situações constrangedoras, como quando vinham me cumprimentar no camarim.

Esperavam encontrar ali aquele cara eletrizado que havia feito o show e se deparavam com o seu oposto, uma espécie de Clark Kent tupiniquim e de carne e osso (então mais osso do que carne, diga-se de passagem).

Consultas astrológicas em São Paulo e no Recife apontavam o mesmo, sem que eu tivesse revelado a minha condição de aspirante a artista: o palco fazia parte do meu destino. E quem ousa contrariar os astros?

Durante o isolamento imposto ao mundo pela pandemia, fiquei pensando em tantos artistas privados do contato direto com o público - e mais: impedidos de exercerem a sua profissão condignamente. Eu mesmo tive concertos cancelados, um deles marcado para o dia 25 de abril, no Sesc Belenzinho de São Paulo. A produção já havia comprado, inclusive, os bilhetes da viagem.


Vieram as lives, em enxurrada. Vi algumas ótimas, vale ressaltar, duas de Zeca Baleiro e a do aniversário de Caetano Veloso. Cheguei a brincar a respeito, num breve poema:



Afinal, um palco virtual é tão sem alma aos meus ouvidos. Não há clima ou calor humano. Não há aquele eco que parece vir dos corações de quem está na plateia. Soa como um bumbum de bebê… sem talco.



Veja, AQUI, mais postagens do blog.

 


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